domingo, 21 de outubro de 2018


Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” 2 TM 3.14-17, (NVT)

Para a grande maioria das pessoas a grande questão não é se Deus existe ou não, elas estão seguras disso, pelo menos as que não professam algum tipo de ateísmo. O fato é que a maior preocupação destas pessoas, são questões como, não saberem como Deus é! Se Ele é um ou um milhão! Se podem conhece-lo! Se podem confiar nEle! Se Ele se importa conosco ou se é um Deus bom!

Martinho Lutero, disse certa vez em um sermão, que “somos todos chamados teólogos, assim como somos todos chamados cristãos”. Isso porque quando falamos de Deus ou acerca de sua pessoa, estamos envolvidos em Teologia. O próprio termo “Teologia”, que vem do grego, já significa “uma palavra (Logos) sobre Deus (Theos), ou seja, quando qualquer pessoa estiver falando, pensando ou mesmo questionando sobre Deus, quer seja ela um simples agricultor ou um doutor, ela está praticando a “Teologia”.

A teologia não está reservada apenas aos pensadores, aos acadêmicos. Ela é assunto cotidiano de todos os que vivem, respiram, lutam, temem, esperam e oram. Questões teológicas cercam as nossas vidas, quer queiramos ou não. Vivemos dias de crises intensas. Questões políticas, ideológicas, crises cultural e de identidade, crise moral e ética.
Nossos conceitos com relação ao divino informam nossas vidas de maneira profunda. Quer vejamos Deus como distante ou não, como gracioso ou inconstante, interessado ou apático, as conclusões a que chegamos, seja por profunda reflexão ou negligente presunção, dirigem nossas vidas.

Fazemos Teologia por um motivo bem simples, Deus revelou-se a nós, revelou-nos sua vontade, sua gloria e a si mesmo. A Bíblia vai nos comunicar que Deus fez isso, pelo menos em duas formas: primeiro pela revelação geral, depois pela revelação especial.
Pela revelação geral veja o que diz o salmista no Salmo 19.1:

Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”.

Ou seja, toda a criação manifesta a pessoa de seu criador, Deus. O apostolo Paulo usa este argumento para falar aos romanos em RM 1.18-20, que são indesculpáveis todos os homens que dizem não conhecer a Deus. Vejamos o texto:

Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” (NVT)

 É curioso que ao estudar antropologia, descobrimos que povos, como os índios americanos e sul americanos, mesmo sem conhecer a Deus, como o conhecemos, adoravam uma divindade ou várias, que teriam criado tudo o que eles conheciam. Muitos outros povos, semelhantemente, agiam desta forma, ou seja, a religião, ou o senso da divindade é algo que está inerentemente arraigado ao coração humano. Isso é o que em teologia se chama revelação geral.

Pela revelação especial, ou seja, a manifestação visível e inconfundível de Deus ao seu povo, veja o que diz o escritor aos Hebreus, c.1vs.1-3:

Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas”.(NVT)



O apostolo João nos apresenta Jesus como, “o verbo vivo que se fez carne”, Jo 1.14, e que habitou entre nós. O inicio do evangelho de João contem o discurso mais impressionante acerca da revelação especial. Ele diz;

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”.

Ou seja, a própria palavra se encarnou e veio viver entre nós. Ele revelou a si mesmo de forma inequívoca e o escritor aos hebreus vai nos apresentar a palavra viva que é a maior manifestação da Glória Deus que o homem poderá ter.

No texto que lemos anteriormente, o apostolo Paulo está exortando ao jovem pastor da igreja de Éfeso, Timóteo. Já no inicio da instrução Paulo o incentiva a permanecer naquilo que o próprio apostolo já o havia ensinado e argumenta em pró de si mesmo ao dizer, olha foste ensinado por mim. Tu, ó Timóteo aprendeu acerca de Cristo por mim e de mim tudo sabes, sabes que não minto acerca destas coisas, como já lhe disse anteriormente 1 TM 2.7.

Além disso, Timóteo fora desde pequeno cristianizado pela mãe, Eunice, e pela avó, Loide. O apostolo nos faz saber disto lá no capitulo 1 desta mesma epistola, no vs 5.
Na segunda parte do versículo, observe que o apostolo apela para a infância do jovem pastor:

“...e que desde a infância, sabes as sagradas letras...”.

Na palestina era costume judeu, o pai começar a ensinar a criança na lei já aos 5 anos de idade. Ou seja, Timóteo foi inteirado da revelação especial, que era produto da manifestação de Deus aos profetas, como disse o escritor aos hebreus. Lembram? E ele ainda adjetiva a oração dizendo, “...que podem te tornar sábio para a salvação...”.

O que pode tornar sábio para a salvação? As sagradas letras. E no versículo seguinte ele continua dizendo, olha, “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça”.

Ele o está lembrando que tudo que ele aprendera na infância acerca das escrituras possuem um imenso valor, principalmente para ele, que agora era um pastor e deveria ensinar seus irmãos o caminho da verdade.

O comentarista da Bíblia de Genebra, faz uma nota muito interessante a respeito deste versículo, mais precisamente sobre a expressão, “inspirada por Deus”, ouça:

“Essa é uma das mais importantes expressões no Novo Testamento da doutrina da divina inspiração da Escritura: ela foi inspirada por Deus, (cf. 2Pe 1.21). Deus é tanto a fonte como o principal autor da Escritura. Apesar de ter sido escrita por autores humanos, ela é inspirada por Deus e revela o peso total de sua autoridade”.

Ela é o que chamamos, em TEOLOGIA, de REVELAÇÃO ESPECIAL.

Veja o que diz a nossa CFW 1.2:

“Sob o nome de Escrituras sagradas, ou Palavra de Deus, incluem-se agora todos os livros do Antigo e Novo Testamento (A Bíblia que vocês tem em mãos agora), e todos eles, livros da sua Bíblia, 66 para ser mais exato, são dados por inspiração de Deus para serem a REGRA de fé e prática”.

Devo lembra-los que nossa confissão de fé de Westminster foi escrita entre os anos de 1643-1649, portanto, ela menciona esta Bíblia aí que você tem em suas mãos. Paulo, porém, estava mencionando o rolo dos profetas. A Bíblia nem sempre foi assim, paginada, como a conhecemos. Ela era em “rolo” ou “papiros”.

Por fim, Paulo tinha um objetivo ao instruir o jovem Timóteo. O versículo seguinte, “Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”, não se aplica apenas a Timóteo. Aplica-se a todo aquele que busca a Deus em sua Palavra, ou seja, você, eu e todos aqueles que tem anseios por conhecer a Deus, que fazem teologia em todos os momentos.

Perceba que a Palavra de Deus, sendo útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, tem por fim, primeiro, tornar o homem de Deus perfeito, e aqui devemos nos lembrar que Cristo é a própria Palavra, o verbo que se fez carne, como nos disse o evangelista João. Ele, por meio de sua poderosa palavra, por meio de seu sacrifício vicário, nos torna perfeitos diante de Deus.

Em segundo lugar, a Palavra de Deus nos faz perfeitamente habilitados para toda a boa obra. Ao jovem pastor ela o habilitava a ensinar, instruir, corrigir. A nós, ela guia, ensina, habilita a dar razão da nossa fé.

Era um momento muito difícil para o apostolo e para a igreja do Senhor. O apostolo estava preso e haviam muitos saqueadores da fé. Haviam homens maus que usurpavam o titulo de apostolo e ensinavam heresias e ensinamentos contra o corpo de Cristo. O inicio desta epistola deixa claro as intenções do apostolo para com o jovem pastor Timóteo. Tomar cuidado com as falsas doutrinas, com os falsos mestres, com a corrupção dos últimos dias, daqueles dias.

Como disse anteriormente, fazemos teologia porque Deus se revelou a nós. Porque Deus, revelou sua vontade, porque nos chamou para sermos portadores das boas novas.
Nós cristãos precisamos ver de fato a importância profunda da teologia. Se o Deus verdadeiro está renovando nossas vidas e nos chama a adorá-lo “em espírito e em verdade” (Jo 4.23), essa adoração inclui nossos pensamentos, palavras, afeto e atos.

Queremos adorar o Deus revelado nas escrituras ou perder tempo e esforço numa divindade que construímos segundo nossa própria imagem?

Ao desvalorizarmos a revelação especial de Deus, sua palavra, ignoramos a sua pessoa e criamos deuses para suprir nossas necessidades, a semelhança dos pagãos ou dos índios por exemplo. Nosso século tem sido testemunha das atrocidades que os homens são capazes de fazer. Temos visto o homem ser deus de si mesmo. O vemos ignorar a Deus e criar para si deuses que sejam mais agradáveis ao seu paladar.

 O apostolo Paulo continuou em sua instrução dizendo, “pregue a palavra, pois este dia chegará”. Que dia? O dia em que os homens serão amantes de si mesmo, de sua sabedoria e rejeitarão a verdade.

A teologia é importante para nós quando entendemos que é por meio da sagrada escritura que Deus se manifesta, fala e age. Que é por meio da nossa única regra de fé que podemos ter um verdadeiro encontro com Deus, afinal como adorar e obedecer a um deus que não se conhece.

Temos o imenso privilegio de conhece-lo, de enxerga-lo não apenas nas coisas criadas, mas no seu filho, que o revela para nós. Precisamos parar de querer buscar a Deus nas coisas ou em pessoas e passar a busca-lo na sua palavra. Precisamos parar de criar ídolos que nos separam de Deus.

Precisamos seguir os sábios conselhos dos apóstolos de que devemos renovar nosso entendimento na palavra, para assim conhecermos a real vontade do Senhor, que é boa e agradável.

Devemos nos manter inconformados com este século, com estes usurpadores que se dizem pastores e nada mais fazem do que afastar as pessoas de Deus.
Devemos nos afastar dos ídolos do nosso século e nos colocarmos aos pés do Senhor. Devemos estar atentos a voz de Deus.

           O reverendo Augustus Nicodemus, disse certa vez, parafraseando Justin Peters: “você quer ouvir Deus falar? Leia a Bíblia. Quer ouvi-lo falar em alto e bom tom? A leia em voz alta.

Portanto o princípio mais básico da teologia é:

·         qualquer religião que envolve um deus digno de diálogo vai exigir alguma forma de teologia. 

·         Teologia cristã envolve todo o estudo de Deus e Sua relação com o homem e o universo, enquanto especificamente incorpora todas as doutrinas bíblicas.

Nesse sentido, a Teologia pode ser definida como a atenção que dedicamos a Deus, e como a nossa tentativa de conhece-lo, mediante o que nos é apresentado nas sagradas Escrituras.

E tudo isso com o único objetivo, se relacionar com este Deus e com os nossos irmãos por meio deste Deus.




Amém.

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